E
vão, fatalmente, se cruzar por aí nas tantas esquinas perdidas da
cidade. Vão beber um café quente juntos, falar besteiras sobre novos
livros, um trabalho novo, como está sua mãe e tudo mais. Nos momentos de
silêncio baixarão o queixo, com medo de cruzar olhares e, talvez,
voltar tudo aquilo outra vez.
Depois vão se olhar e rir de todo esse dramalhão quando ela te chamar de bobo, e você, chama-la
de besta. E será um novo dia, uma manhã com um outro sol, não mais tão
quente e nem tão brilhoso quanto antes, nos convidando pra passear
enroscados na calçada da mesma ruazinha apertada e sem graça de sempre,
como sempre foi. E os nossos sorrisos vão aparecer quando as pessoas
perguntarem se você voltou. E eu vou corar quando você dizer que não
foi.
Vamos mesmo parecer presos, mas presos por aquele tipo difícil e
obstinado de nó, o nó invisível. Aquele nó que também briga, bate
portas e sai por aí sem dizer onde vai. Mas depois volta rindo, se
aninha nos braços e diz coisas como ‘eu não consigo mesmo ficar brava
contigo’.
Para os outros parece tão fácil. Já eu, me arrepio só de pensar em não ter você ou estar com alguém diferente (e vice-versa).
Mas de um jeito estranho como uma turista perdida com um sorriso bobo,
eu tento me encontrar ali sem sucesso, mas com a certeza de que ali está
tudo o que um dia eu procurei.
Acha qu'eu queria ter
Um homem de tevê
Que veste a perfeição
Eu sei que já estava no contrato assinado
a tua partida prematura, mas dá para rasgar?